quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Os Sete Pecados, parte 2: Inveja


Jesus Cristo, Madre Teresa de Calcutá, Sócrates, Marco Aurélio, e mais alguns outros. Muito poucos, na verdade, conseguem escapar desse pecado. A Invidia, do latim, é um pecado que pode se assemelhar a um bote de serpente: ela está te rondando, como quem não quer nada, e você nem a vê sob seus pés. Porém, quando ela ataca, você só sente seu veneno extinguir-se por todo o corpo.
O primeiro exemplo que nós temos de inveja pela História é, sem dúvida, na Bíblia: com um inveja do próprio irmão, que foi "preferido" por Deus, Caim matou Abel sem dó nem piedade.
Porém, Caim não está sozinho entre os vários homens e mulheres invejosos pelo mundo. E não só homens de carne e osso, mas também na literatura clássica! No famoso conto d'Os Irmãos Grimm, "Branca de Neve e os Sete Anões", que motivo seria outro a não ser a inveja que levaria a Rainha Má fazer várias tentativas de matar sua enteada. Não vaidade, inveja. E "O Sobrinho de Rameau", então? O clássico de Denis Diderot conta a história de um rapaz, sobrinho de um famoso compositor, que insiste que herdou o talento do tio. Na verdade, o rapaz não compõe porcaria nenhuma, a não ser a nossa lista de invejosos.
Outro que quer porque quer "ganhar" o talento dos outros, ou pelo menos, ser melhor que ele, era o compositor Antonio Salieri. O cara era o mais famoso, até a chegada de alguém que desbancou a sua carreira, um certo compositor chamado Wolfgang Amadeus Mozart.
E até nas magníficas obras de mestre Shakespeare podemos encontrar uma citação ao segundo pecado capital: em "Otelo", Shakespeare afirma que o personagem Iago ficou "verde de inveja". E o mais fantástico, para provar tal qual o poder da literatura, é que até hoje, a Inveja é relacionada a essa cor, em quase todo o mundo.
Marcos Júnior Brutus ajudou na conspiração que matou o imperador Júlio César. Como a frase diz, Freud explica: complexo de Édipo, que seria desenvolvido anos atrás. A mãe de Marcos Júnior Brutus era amante de César, e o complexo de Édipo condiz na inveja que o filho tem do pai com a mãe.
"Porque onde há inveja e espírito faccioso aí há a perturbação e toda a obra perversa"
Livro de Tiago, capítulo 3, versículo 16

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Os Sete Pecados, parte 1: Soberba


Desde que foram difundidas religiões e doutrinas, transgressões à Deus também foram criadas. Dúvidas sobre elas sempre houveram. Quantas eram? Quais eram? Quando eram permitidas? E quando ofendiam à Deus? O papa Gregório I resolveu as questões. Segundo ele, os pecados capitais (ou seja, centrais) seriam sete, mas várias seriam as formas de cometê-los.
Segundo Gregório I, o primeiro e mais ofensivo pecado seria a SOBERBA. Esta seria uma mistura explosiva de vanglória, vaidade, orgulho e presunção. Como dizia a todos os outros seis pecados, haveriam várias formas de cometer esse pecado, principalmente pela soberba, que é o ato de se achar ou agir como superior, e tratar os demais como inferiores.
Várias pessoas, ao longo da História, ficaram conhecidas por serem soberbos. O maior exemplo é o primeiro a cometer a Soberba, e esse primeiro indivíduo a cometer um pecado está na Bíblia, ninguém menos que o Diabo, que caiu dos céus por ordem divina, por se achar maior que Deus.
Mesmo havendo a confusão sobre o nome do anjo caído, seja ele Lúcifer, Satanás ou Diabo, ou se anjo caído é a mesma coisa que demônio, eu acredito que sim. Eu acho que é tudo farinha do mesmo saco, mas como não cabe a mim julgar, parto para outro exemplo.
Quem acreditaria que um francês que media mais ou menos 1,67 de altura estenderia o império francês até quase toda a Europa ocidental e grande parte da oriental? Pois foi isso que aconteceu. Decidido a compensar sua falta de tamanho, Napoleão Bonaparte (coroado, mais tarde, como Napoleão I) dominou muitas terras, e não admitia ninguém maior que ele (menos no sentido de altura, ok?). Quando o papa Pio VII foi coroá-lo, Bonaparte chegou a arrancar a coroa das mãos dele e coroar a si mesmo, deixando claro para todos que não deixaria que ninguém, nem o papa, mostrar que era maior do que ele.
Outro que mostrou ao mundo todo que não gostava de gente mais poderosa que ele foi aquele austríaco bigodudo. Adolf Hitler conseguiu o título de louco mais notório da História ao transformar o antissemitismo (antigo preconceito europeu contra judeus) em holocausto (matança nazista contra judeus, homossexuais, religiosos, negros, deficientes mentais e físicos, ciganos, poloneses e eslavos). Depois da Alemanha ter sido humilhada pela Inglaterra, França e Rússia por meio do Tratado de Versalhes, ocorreu por lá uma onda de nacionalismo, que logo se tornou revanchismo. Hitler, pregando que a Alemanha era uma terra superior aos outros, matava todo aquele que não era um alemão puro, e defendia a criação de uma raça ariana - que seriam, basicamente, homens altos, fortes, loiros e de olhos azuis. Foi dessa ideia de uma criação de raça superior que surgiram heróis como o Superman, o Capitão América, e etc.
Esses exemplos só provam que a Soberba, ou Superbia, do latim, só faz mal. Onde acabaram todos esses pecadores?
O Diabo está queimando no inferno (hahahahhaa, bem feito!), depois de ser expulso do céu por Deus. O inferno, na verdade, não é a casa do diabo, e sim o lugar onde ele deve padecer, eternamente.
Napoleão Bonaparte morreu de câncer no estômago, mas há quem diga que ele foi envenenado, mesmo depois da autópsia confirmar que ele possuía uma séria úlcera.
Hitler se matou quando percebeu que havia dado um passo maior que a perna, ao atacar a União Soviética, suicidou-se em seu bunker secreto em Berlim. Hitler já sofria de vários males, entre eles, doenças cardíacas, era hipocondríaco, insônia e mal de Parkinson.
"Aquele que se exaltar será humilhado por Deus, e aquele que se humilhar será exaltado por Deus."
Evangelho de Mateus, capítulo 23, versículo 12

sábado, 5 de maio de 2012

Era uma vez... parte 3 (final) - O sono dos mistérios

Para finalizar a seção "Era uma vez...", estamos aqui com a história d'A Bela Adormecida. A princesa que chamamos de Aurora, graças à Disney, tem fama de dorminhoca por passar meia vida dormindo "até que seja despertada pelo beijo do amor verdadeiro". Lembrando que ela foi "encantada" a dormir esse tempo todo porque os infelizes dos pais dela não convidaram a bruxa fofoqueira que adora uma boa farra pra festa de nascimento da princesa. Aí, (repetição d'A Branca de Neve), o príncipe chega, beija, ela acorda e pronto. Eles se casam e, óh, vivem felizes para sempre.
Não é bem assim.
Pra começar, os nossos queridos Irmãos Grimm fizeram o favor de fazer com que os pais da princesa sem nome convidassem DOZE FADAS, mas deixassem de lado uma. E sabem por que? Porque os infelizes dos reis só tinham doze conjuntos de talheres, pratos e copos dourados para as fadas e estavam pobres demais pra ir lá, levantar uma bufunfa e comprar um décimo terceiro conjunto dourado.
Aí, essa umazinha fez o favor de aparecer no meio da festa e baixar a pombajira. Ela amaldiçoa o bebê recém-nascido (e nem pra culpar os pais, né?), fazendo com que a menina chegue aos 16 anos e, ao tocar numa roca (não precisamente no fuso) ela cairia num sono mortal. Oh.
A menina chega aos dezesseis. Ao tocar numa roca de fiar, uma farpa entra debaixo da sua unha. O pai deixa o corpo da filha num quarto até que venha o tal do amor verdadeiro pra acorda-la. Só que a rainha veio a falecer. Anos e anos depois, quando todos abandonaram o castelo, a princesa continuou lá. Foi aí que cresceu a tal floresta de espinhos. Um príncipe do reino vizinho achou o castelo e se apaixonou pela princesa, e acabou visitando-a sempre que podia. E aí... o rei tava... passeando por ali, depois da morte da rainha... se sentindo muito sozinho, sabe como é... e achou a filha tão bonita! Tão parecida com a mãe! Preciso continuar? A coitada foi estuprada pelo pai e abandonada novamente. Só que ela ficou grávida. No fim dos nove meses de gestação, ela deu à luz a gêmeos (como ela é sortuda, não?). O príncipe por ela apaixonado encontrou ela acordada e com dois filhos pra criar.
O príncipe então levou a princesa (ainda sem nome) para o seu reino e se casou com ela, tomando por seus os filhos dela. O príncipe tinha uma mãe viúva, que tinha sangue de bruxa. Nisso, uma guerra se aproximou do reino. E, sem rei para representar sua pátria, o príncipe se viu obrigado a deixar a esposa e os filhos para ir à guerra. Durante esse tempo, a rainha tinha vontade de comer as crianças. Só que o seu mordomo era apegado às crianças e resolveu salvá-las. Quando a rainha lhe pediu para comer o menino, ele escondeu o menino em sua casa e lhe deu para o comer um bezerro. O mesmo, lhe fez com a menina, quando a rainha bruxa lhe pediu para comê-la. Até a própria princesa a rainha queria devorar. O mordomo a escondeu também, mas não tardou e logo a rainha bruxa descobriu tudo. Armou no pátio do palácio uma tina cheia de cobras, víboras e sapos. Ela, então, iria obrigar o mordomo, a princesa, o menino, a menina e a esposa do mordomo a se jogarem ali. Só que o príncipe chegou da guerra, e correu para salvá-los bem na hora. Assim que o viu chegando, a rainha bruxa se atirou na tina e foi devorada pelos bichos. Aí, o príncipe, a princesa e seus filhos puderam viver em paz (finalmente).
Que família feliz! (e a 13ª fada, ninguém falou mais né? Muahahhaha...)

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Última Ceia - Da Vinci e os 12 apóstolos

"A última ceia", de Da Vinci

Há pouco tempo, passamos pela Semana Santa, seguida pelo Sábado de Aleluia e pelo Domingo de Páscoa. Então, eu resolvi escrever sobre alguma coisa interligada a que é chamada de maior comemoração católica do ano.
Ao ler "O Código da Vinci", fiquei profundamente intrigado com a obra acima, feita pelo pintor Leonardo Da Vinci, famoso por ser o autor d'"A Mona Lisa". Ela mostrava os doze apóstolos, no centro Jesus Cristo, ceando pela última vez juntos antes da crucificação. Este também é o momento da divisão do pão, o corpo de Cristo, e o vinho, o sangue de Cristo.
Mas, ao centralizar tanto em Jesus Cristo, acabamos por esquecer dos outros discípulos. Bem, como eu dizia, fiquei intrigado com eles e resolvi pesquisar mais sobre os discípulos, e acabei descobrindo que, ao pintar "A última ceia", Da Vinci assimilou a personalidade de cada discípulo a um signo do zodíaco. Por ordem da obra acima, eis os nomes dos discípulos e seus "signos" de Da Vinci.
- Bartolomeu:
PEIXES - Caridoso, afetuoso, compreensivo e atento, Bartolomeu, o primeiro da mesa de Da Vinci (da esquerda pra direita) é um discípulo pouco mencionado na Bíblia. Segundo relatos históricos, acabaria por morrer crucificado de cabeça para baixo na Índia.

- Tiago:
AQUÁRIO - Intolerante, rebelde e criativo, Tiago, que se senta ao lado de Bartolomeu, é provavelmente irmão de Mateus e primo do próprio Jesus.  Também acabou por ser crucificado, após pregar na Pérsia.

- André:
CAPRICÓRNIO - Trabalhador, perfeccionista e persistente, André é irmão de Pedro. Como o irmão, era pescador e foi chamado por Jesus junto de Pedro. Viveu seus últimos dias em Citia, crucificado numa cruz em forma de X.

- Pedro:
SAGITÁRIO - Expansivo, contraditório e extremamente religioso, Pedro é chamado de o mais importante entre os doze apóstolos. Típico da personalidade sagitariana, faz qualquer coisa quando contrariado. Ficou conhecido como "o homem rocha".

- Judas Iscariotes:
ESCORPIÃO - Conhecido por ser o traidor de Jesus, muitos acreditam que ele agiu por ordens do próprio Cristo ao entregá-lo. Motivado, determinado e introvertido, foi substituído por Matias após se enforcar de desgosto, ao perceber o erro que cometera ao entregar o Senhor.

- João: (de acordo com "O Código Da Vinci", seria este o discípulo confundido com Maria Madalena)
LIBRA - Pacífico, imparcial e justo, foi o único discípulo a ficar no pé da cruz de Jesus Cristo. Ele cuidou de Maria, mão de Jesus, até a sua morte. Depois, foi exilado na Ilha de Pátmos até a sua morte de idade avançada.

- Tomé:
VIRGEM - Observador, prudente e humano, Tomé ficou conhecido como "o apóstolo que não crê", por não crer nas palavras dos outros discípulos que viram Jesus depois da ressurreição. Assim como Bartolomeu, tornou-se missionário na Índia.

- Tiago:
LEÃO - Dramático, orgulhoso e criativo, Tiago era irmão de João. Foi chamado por Jesus para segui-lo junto com o irmão e ambos responderam imediatamente. Foi o primeiro missionário da Espanha.

- Felipe:
CÂNCER - Simpático, sensível e tranquilo, Felipe foi um dos apóstolos que esteve presente no milagre da multiplicação dos pães e peixes. Antes de morrer teria pregado na França, na Rússia, na Ásia e na Índia.

- Mateus:
GÊMEOS - Curioso, literário, perspicaz e de comunicação intelectual, aguçada e anticonvencional, antes de ser apóstolo de Cristo, era cobrador de impostos. Escreveu o evangelho mais influente de todos. Terminou seus dias pregando a palavra de Jesus, e foi martirizado em Nabadá, em 60 d.C.

- Judas Tadeu:
TOURO - Generoso, tímido e prático, Judas Tadeu é frequentemente confundido com Judas Iscariotes, o traidor. Foi mencionado em Mateus 10:3, em Marcos 3.18, em Lucas 6.16 e em Atos 1.13. Foi missionário na Mesopotâmia e foi morto à pedradas.

- Simão:
ÁRIES - Corajoso, intenso e rápido, Simão é um apóstolo misterioso até certo ponto. Não há vestígios na Bíblia de como ou quando ele se juntou a Jesus. A única menção de sua união ao Senhor é que ele se uniu ao mesmo tempo de André, Pedro, Tiago, João, Judas I. e Judas T.

domingo, 25 de março de 2012

Era uma vez, parte 2: A maçã envenenada

Todos conhecem a história de Branca de Neve, certo? A mocinha, que perdeu a mãe e logo depois, o pai, vive aterrorizada pela madrasta, que inveja a sua beleza. A madrasta contrata um caçador para matar a menina, mas o incompetente sente pena da princesa e a deixa fugir. Branca de Neve foge para a floresta, onde encontra sete simpáticos anões, que a acolhem em sua casa. Daí, mais dia, menos dia, a rainha maluca descobre, pelo seu espelho mágico, que a enteada ainda está viva. Ela vai até a casinha dos anões disfarçada, espera todos eles saírem e oferece uma maçã envenenada pra ela. A menina burra, sem suspeitar de nada, come a infeliz da maçã, tem um treco e cai "aparentemente morta". Aí, os anões voltam, a rainha foge, e os sete fazem o velório da princesa. No meio do negócio todo, um príncipe aparece e dá um beijo apaixonado na princesa e ela acorda, e então eles vivem felizes para sempre. Negativo.
Na verdade, poucos sabem mas na época em que a madrasta desenvolveu um ódio mortal por Branca de Neve, ela tinha 7 anos. A Rainha contratou um caçador para matá-la na floresta, e trazer para ela o pulmão e o fígado da menina. O caçador leva a menina para a floresta, mas lá, ele sente pena e a deixa fugir, levando para a rainha o pulmão e o fígado de um javali. A Rainha, então, come os órgãos. Agora, imaginem se o caçador leva os órgãos da menina pra Rainha? Pra quem não sabe, antigamente, entre os índios, existia a prática de canibalismo, onde os índios acreditavam que, se comessem a carne de um inimigo, ficariam com as qualidades destes. Mas, voltando à história, Branca de Neve fugiu, até chegar numa casa onde viviam sete anões. Eles concordam em hospedar Branca de Neve, em troca, é claro, que ela lave, passe, costure, arrume, limpe, cozinhe e etc.
Ao contrário da história de hoje em dia, a Rainha tento bem umas três vezes matar a princesinha. Primeiro, ela tentou asfixiá-la com um espartilho ou faixa, quando entrasse escondida na casa, na ausência dos anões. Os anões chegariam e cortariam fora o espartilho apertado de Branca de Neve (epa...). Depois, a Rainha passaria um pente mágico nos cabelos de Branca de Neve e ela cairia num sono profundo. Os anões simplesmente tirariam o pente dos cabelos dela e Branca de Neve voltaria. Somente quando a Rainha ofereceu uma maçã a Branca de Neve, ela se engasga com um pedaço grande demais e morre (muahaha).
No velório, um príncipe apareceria e se apaixonaria pela beleza de Branca de Neve. Ele pede para os anões para que possa levá-la consigo (pra quê ele queria um cadáver, eu não sei). No caminho, um dos carregadores do príncipe tropeçaria e deixaria o caixão cair. No baque, Branca de Neve cuspiria fora o pedaço de maçã e voltaria à vida. Há versões em que o empregado do príncipe se encheria de carregar o cadáver da menina e desceria o cacete no corpo, fazendo-a cuspir o pedaço de maçã.
Isso tudo sem falar no mais sinistro. Branca de Neve e o príncipe se casariam e faria uma festa de noivado, onde a própria rainha seria convidada. Ao chegar lá e ver a menina viva, a rainha seria obrigada a vestir botas  encantadas de ferro em brasa e dançaria até a morte.
Simples assim.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Carnaval - Em Veneza, uma história de amor


O Carnaval vai chegando. Para alguns, é uma simples festa católica onde todos comem, bebem e festejam muito juntos. É, pode ser tudo isso. Mas foi no Carnaval, a festa da carne (pois daí se dá origem ao seu nome "carnaval"), que uma belíssima lenda antiga, que virou história de amor, se aflorou no coração da Itália.
Conta-se que, numa típica vila medieval, dois amigos cresceram juntos, desde a infância. O nome dele era Pierrot, e o dela, Colombina. Os dois cresceram; Pierrot se tornou um padeiro e Colombina, uma floricultora. A amizade dos dois prevaleceu até a idade adulta, mas o que Colombina não sabia era que Pierrot escondia um grande amor pela amiga de infância. Ele não tinha coragem para contar à sua amada sobre seus sentimentos, então ele escrevia cartas de amor para ela, mas as escondia.
Quando o verão chegou, chegou com ele, na cidade, uma trupe de teatro. Entre eles, um jovem alegre e irresponsável, chamado Arlequim. Ao vê-los, Colombina se apaixonou perdidamente por ele, e Arlequim igualmente se apaixonou por Colombina. Os dois resolveram fugir juntos, para viver o seu amor. E Pierrot ficou sozinho.
E Colombina foi. Mas logo, chegou o inverno, e com o verão, foi-se o dinheiro. À Colombina e Arlequim, o inverno trouxe dificuldades e problemas financeiros. A trupe de teatro faliu. Não tinham nem pão para comer. Então, numa noite de luar, Colombina se lembrou de Pierrot. E, não me perguntem como, eu mesmo desconheço, Colombina encontrou uma das cartas de amor do amigo. Morrendo de amores por ele, Colombina voltou à sua cidade para reencontrá-lo. Pierrot a aceitou de volta, e os dois viveram o seu amor. Arlequim, que teve saudades de Colombina, resolveu voltar para a cidade e assim ficou amigo de Pierrot. Eles se uniram e sobreviveram com o dinheiro dos pães que Pierrot fazia. E Colombina viveu feliz, ao lado de quem realmente amava.
Agora... se refletirmos sobre essa história, tomaremos conhecimento de que ela é uma lenda, uma fábula. E assim como todas as outras lendas e fábulas, seus personagens tem significados. Então, vejamos; a Colombina é a pureza, aquela que não sabe, mas vai aprender sobre o amor. Já o Arlequim, ora, ele é a paixão, que chega de uma vez. A paixão, por sua vez, perde seu encanto quando chegam os problemas. Como diziam os antigos, quando a paixão entra pela janela, a razão sai correndo pela porta. E o Pierrot... bem, o Pierrot, é, nada mais nada menos que o amor. O amor espera a sua amada, ele sabe libertar, abrir mão da própria felicidade pela felicidade do outro. O amor sofre em silêncio, mas sempre acaba vencendo.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Era uma vez, parte 1: O segredo do capuz vermelho

Todos conhecem a história clássica da garota apelidada de Chapeuzinho Vermelho. A história de sempre não é?, a menina que atravessa a floresta escura para visitar a avó levando uma cesta de sabe-Deus-o-que-é e acaba encontrando um lobo muito malvado que costuma comer criancinhas no jantar. Muahahaha. Mas a verdade é que muito poucos conhecem a verdadeira versão, escrita pelos Irmãos Grimm. E muitas coisas essa inocente história infantil esconde. 
Toda a história começa na aldeia onde a menina e os pais moravam. Na verdade, sempre achei que se tratava de uma mãe viúva, pois o pai não aparece na história, nem dá indícios de aparecimento. A menina era muito amada pela avó, que havia bordado um capuz todo vermelho, capuz esse que ela sempre estava vestindo. Mas o caso é que essa avó ficou doente, e a mãe de Chapeuzinho Vermelho pediu para que ela atravessasse a floresta e levasse uma cesta de pão e leite para a avó doente. A menina se dispôs a levar, e foi advertida para não falar com ninguém. Chapeuzinho Vermelho pegou sua cesta, e, ao passar pela floresta, acabou falando com o Lobo Mau, e dando detalhes sobre ela e sobre como encontrá-la, no fim de sua viajem. Pois a versão original desta história nos conta que o Lobo Mau correu á frente de Chapeuzinho e chegou a casa da Vovó. Lá, ele a matou, e comeu a maior parte dela. O Lobo Mau guardou um pouco do sangue da Vovó num frasco e um pouco de sua carne, e guardou numa dispensa. Ele disfarçou-se de Vovó e esperou Chapeuzinho Vermelho. Mas esta, ao chegar, não fez as típicas perguntas que levam a personagem a descobrir a farsa do Lobo. Na verdade, Chapeuzinho Vermelho vê-se obrigada a deitar-se com o Lobo, e ele a obriga a tirar as suas peças de roupa. Na sua inocência infantil, a menina foi estuprada e morta, e seu corpo, devorado pelo lobo. Fim da história. 
Mas por que um CAPUZ VERMELHO, hein? A resposta que Grimm's nos dá: o capuz representa o sangue do ciclo menstrual da mulher. E, ao retirar o capuz da menina, o Lobo tira não só a inocência, mas também a virgindade. 
Agora, a dúvida que sempre me veio é: na idade da Chapeuzinho Vermelho na história, só há uma maneira de se "retirar" a menstruação, que é a gravidez. Teria a Chapeuzinho Vermelho estado grávida do Lobo Mau, pouco antes de morrer. Há versões ainda que se conta que ela enganou o Lobo, dizendo-lhe que precisava ir ao banheiro (que, naquela época, ficava fora de casa) e aproveitou a chance dada pelo Lobo para fugir. Mas, se ela estivesse escapado, teria mesmo engravidado do Lobo Mau? 
O caso é que a lição aplicada por Grimm's é: não confie em estranhos, não se deixe levar pelo moço mais velho e radical, você vai acabar estuprada e morta. Quanto á gravidez de Chapeuzinho, só nos resta a dúvida no ar...